Pesquisar este blog

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Calderón de la Barca - O grande teatro do mundo (introdução).

Formosa compustura
dessa vária inferior arquitetura,
que, entre sombras distantes,
a esta celeste roubas seus brilhantes,

quando com flores belas
o número compete com as estrelas,
sendo, com resplendores,
humano céu, pois de caducas flores.
campanha de elementos,
com nomes, raios, pélagos e ventos:
com ventos, onde graves
e agéis te sulcam os baixéis das aves;

com pélagos e mares, onde frotas
de peixes vão por águas tão ignotas;
com raios, onde rouco
te ilumina com ódio o fogo louco;
com montes, onde donos absolutos
te passeiam os homens como os brutos,
sendo, em contínua guerra,
monstro de fogo e ar, e de água e terra.

tu, que, sempre diverso,
a fábrica feliz deste universo
és, prodígio primeiro sem segundo,
e por chamar-te de uma vez, tu, mundo,

que nasces como fênix em sua fama
de tuas próprias cinzas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário